domingo, 24 de agosto de 2008

Diários de Viagem

No final de outubro de 2006 fui enviado, juntamente com o repórter do caderno de Economia Agnaldo Brito, para La Paz, a capital da Bolívia. Fomos para cobrir os impasses econômicos e políticos dos contratos de gases e hidrocarbonetos. Na época, a Petrobras, que explora as reservas naturais da Bolivia, foi obrigada pelo presidente Evo Morales a revisar todos seus contratos.
A viagem foi uma grande experiência. Já tinha especial admiração pela Bolívia, talvez por conta de já coberto a feira da Praça Kantuta, na zona norte de São Paulo. Quem quiser conhecer um pouco dos bolivianos e sua cultura irá gostar bastante de conhecer esse lugar.
A chegada ao país foi uma aventura. O aeroporto de La Paz, fica localizada numa localidade chamada El Alto, que honra o nome, pois realmente a altitude é muito grande e os efeitos podem ser sentidos nos primeiros dias. Dores de cabeça, e nos músculos são frequentes.
Desembarcando em El Alto, meu colega já estava bem preocupado, pois já acontecia uma das reuniões entre representantes das petrolíferas e do governo, incluindo a participação do presidente Morales.
Para chegar de El Alto até La Paz desce- se por uma estrada sinuosa, com curvas que parecem a todo momento que você irá despencar. Do banco do passageiro avistava inúmeras luzinhas que pareciam cintilar na noite com sacolejar da estrada esburacada. E nós em um velho Hundai, bem mal conservado, mas com um taxista bem bacana, que valente, não hesitava em acelerar como um legítimo motorista de reportagem. Eu me segurava num misto de medo e excitação. Disparei minha Mark II mas, como era de se esperar, as fts saíram tremidas e sem foco.
Atravessando o desfiladeiro, chegamos ao destino, um dos prédios, que naqueles dias, tanto frequentamos. O Agnaldo grita para mim: - Vai lá meu velho, corre que talvez você consiga pegar alguma coisa ainda.
Eu fui, saí correndo, atravessei a Avenida, uma das principais de La Paz.
Havia militares às dezenas, cinegrafistas empunhando velhas câmeras VHS na escadaria branca do prédio e o povo entre a calçada e a rua empunhando faixas e cartazes de apoio à Evo.
Avistei um fotógrafo indo embora, mal sinal pensei, com meu portunhol de última hora perguntei se Evo já tinha saído. Ele disse que sim, coisa de cinco minutos. Droga! Uma foto do presidente não seria nada mal no primeiro dia de Bolívia. Depois olhei no relógio percebi que pouco adiantaria a imagem, pois o jornal no Brasil já estava fechado.
Na hora não imaginava, que o instântaneo do presidente seria apenas um pequeno fragmento dessa rica viagem.
Apesar de ter sido enviado para cobrir os acordos comerciais e políticos, dois acontecimentos chamaram-me a atenção e mostraram duas facetas da Bolívia. Já instalado no país, tínhamos que fazer longos plantões em frente ao prédio sede YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), uma espécie de Petrobras boliviana.
Em um desses aborrecidos plantões, nos quais tentávamos entrevistar representantes do Brasil e da Bolívia sem muito sucesso, percebi uma fila enorme.
Tratava-se de inúmeros cidadãos bolivianos tentando tirar seus passaportes para sair do país. Era o prédio do Serviço Nacional de Imigração. Aquilo me deixou perplexo, nunca tinha visto tanta gente tentando sair de seu país. A Bolívia, que não passava por nenhuma guerra ou epidemia, estava sendo abandonada por sua gente. Buscavam (e buscam) melhores condições de vida e trabalho no exterior. Muitos vêm para o Brasil, trabalhar nas confecções, outros vão para a Europa e Estados Unidos.
Logo percebi que tinha uma grande matéria nas mãos, fiz as fotos da fila e corri para contar minha descoberta para o colega Aguinado.
Por sorte o caderno de Inter estava fazendo uma artigo sobre o problema do exôdo mundial e fizemos uma matéria quente sobre o problema na Bolívia.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

DO FUNDO DO BAÚ!


Imagem para matéria sobre o ensino público. Entrada de escola estadual na zona norte de São Paulo.